domingo, 19 de junho de 2011

MINHAS ENTREVISTAS

 
Entrevista publicada no blog Na Ponta dos Lápis.

Como terceiro entrevistado na campanha de apoio aos novos autores, trago ao blog Geraldo Lima, autor do romance UM (que participa do excelente site literário O Bule e também tem um blog pessoal). Trata-se de um autor não tão novo assim, uma vez que já teve alguns outros livros publicados, incluindo um de contos, O Baque, pela LGE (sua editora atual). Ainda assim, é um novo escritor que se coloca no mercado e busca seu espaço. O romance em questão me chamou muita atenção; primeiro pela profundidade da história e da personagem principal e, segundo, pela grande habilidade narrativa demonstrada pelo autor. O trabalho com a linguagem em UM é realmente atrativo e, algumas vezes, mistura um pouco de prosa com características da poesia. 
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Entrevista publicada na Revista Capitu.

'Vocês certamente conhecem o pensamento de Pascal segundo o qual o homem vive entre o abismo do infinitamente grande e o abismo do infinitamente pequeno', diz, a certa altura de O Livro do Riso e do Esquecimento, o escritor tcheco Milan Kundera. O intervalo entre essas duas variedades de infinito parece ser o espaço que habita o protagonista de Um, obra do escritor goiano Geraldo Lima. No livro, acompanhamos o fluxo de lembrança, sensação, sentimento e especulação desse personagem, que parece abrir mão do cotidiano e persistir na busca do imenso.
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Entrevista publicada na Revista Diversos Afins.

A obra do escritor goiano Geraldo Lima incita-nos a refletir sobre muito do que foi dito anteriormente. Dono de uma escrita que sabe varrer de modo denso recantos da alma humana, Geraldo é, sem sombra de dúvida, um representante de peso da nova geração de contistas brasileiros. Seu estilo narrativo flui intensamente à medida que a epifania particular de seus personagens deixa marcado o cerne central de suas sinas, qual seja a não coagulação dos instantes vividos. Aos poucos, homens e seus lugares são retratados como se orquestrassem propositalmente um mosaico complexo de signos a serem desvendados.

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Entrevista ao Programa Leituras, da TV Senado.

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sábado, 4 de junho de 2011

UM MINICONTO DO LIVRO TESSELÁRIO.


        
XI. Vômito. 

Por Geraldo Lima
 
Situação mais ridícula aquela: o Sol prestes a desabrochar, o dia acordando,  laborioso, responsável, e ele, ali, de quatro junto ao vaso, a cara quase lá dentro, o azedume recendendo, sobressaindo-se ao odor agradável do desodorizador, comida estragada, carne, vinagrete, arroz, feijão tropeiro, e a cerveja e a vodka fermentando tudo, ácido, e acordara de madrugada com um deserto na garganta, quase um litro d’água ingerido, e o Saara  resistindo, até o estômago começar a se mover de dentro de si mesmo, subindo, vindo à tona  pelo cano da garganta, um bolo inchando, impossível retê-lo mais, por fim o jorro, duas, três... setes vezes, como se não fosse sobrar mais nada dentro dele, esvaziando-se na marra, contraindo-se num parto de alto risco, via oral, e suando frio, o tal friozinho da morte, e mais um jorro, e outro mais, manhãzinha quase, um dia começando já estragado, uma broca na cabeça, perfurando, lembrar-se nessa hora dos zelos da mãe, o chá de boldo preparado por ela, melhor ainda os conselhos dados ali no banheiro mesmo, pensar no futuro, não estragar a vida com esses vícios, a mãe orando baixinho, Deus Pai Todo poderoso, dava até pra sentir-lhe  a  mão sobre a cabeça, terna, milagrosa; lembrar-se do irmão nessa hora, desejando tanto que ele o encontrasse ali, junto à parede, definhando, sem forças até para suportar as contrações estomacais, e o carregasse até o chuveiro, resmungando, é bom que se diga, mas zeloso também, sempre sóbrio, correto; lembrar-se também da esposa que nem existia ainda, mas que, se Deus quisesse, estaria por aí nalgum lugar, ela que por certo viria ficar ao lado dele, amparando-o junto ao vaso, uma companheira de verdade, na alegria e na tristeza, tão perfeita que talvez nem existisse, daí a solidão, o vazio, e ele  suando frio junto à parede, achando o vaso tão distante agora, a felicidade então nem se fala, não restava mais nada dentro dele, a não ser  a sensação de que ficaria ali para sempre, colado aos azulejos, à espera  apenas da morte ou de um milagre qualquer.


O Tesselário foi publicado pelo Selo 3 x 4, da Editora Multifoco, e pode ser adquirido, por enquanto, em http://www.editoramultifoco.com.br ou http://www.editoramultifoco.com.br/tresporquatro/