domingo, 20 de maio de 2012

Fenda



Por Geraldo Lima

Era preciso então só começar para que tudo se desarranjasse. Um primeiro gesto, arcaico, corroído pela raiva, quase impensado: a mão que se desprende do tampo da mesa e se ergue guindada pelo braço longo e forte. E depois um estalo. Um ai agudo que se prolonga na memória durante anos e anos, como uma faca que fosse penetrando lenta e meticulosa a alma, para dentro sempre, no mais profundo do ser, aí, onde o carnegão se formou.

Foi a partir dessa fenda aberta na alma que ela começou a vazar.  

4 comentários:

  1. [da acutilância que se faz mundo sem se ver,

    filtrado pela vista atenta da palavra.]

    um imenso abraço, Geraldo

    Leonardo B.

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  2. Valeu, Leonardo, pela leitura e pelo comentário.
    Um abração, meu caro!

    Geraldo Lima

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  3. Valeu, Cláudio!

    Um abração, meu caro!
    Geraldo Lima

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