sábado, 8 de abril de 2017

Borboletas

                                                                    (imagem:google)

Por Geraldo Lima


Borboletas sobrevoam o quintal, dão rasantes, voluteiam, pousando em seguida na flor vermelha da falsa-emília [seu pompom lembra muito o do dente-de-leão: ao soprá-lo, suas sementes voam ao sabor do vento feito helicóptero] e na flor do picão-amarelo. As borboletas [da amarela grande e destrambelhada ao voar às pequenas, elegantes no pouso sobre as pétalas e um encanto para os olhos com suas cores em tons variados] aproveitam que o mato venceu meu ritmo de trabalho [a dor nas costas já não me permite manejar a enxada em longas jornadas de labor rural] e povoaram o quintal com uma beleza frágil e temporária. Num pouso e outro, depositam estrategicamente camuflados seus ovos nas folhas da couve e da rúcula. Em breve [e preciso estar atento para isso] desgraciosas lagartas emergirão famintas e prontas para devorar as folhas das hortaliças. Das outras plantas ["as daninhas"] nem se lembrarão. Mas agora, aladas, fazem delas seu campo de pouso e seu jardim dos prazeres. 


(Texto publicado, originalmente, no Jornal de Sobradinho)

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